terça-feira, 5 de agosto de 2008


Hoje o meu professor de literatura chegou na classe, para a primeira aula do semestre, dizendo que, antes de falar de literatura, necessitava comentar algumas notícias bizarras que ele vira nas férias. Falou do Daniel Dantas, do Salvatore Cacciola, essa coisa toda que já cansamos de ouvir e das quais a gente até já dá risada. Aí veio a terceira notícia, que era de fato bizarra, e que fez com que, enquanto meus colegas desmanchavam-se em gargalhadas, algumas lágrimas ameaçassem brotar dos meus olhos. Bateu um desespero tremendo, não sei explicar. As pessoas podem não ligar e apenas darem risada de tamanho absurdo, mas pra mim, a notícia era, de fato, preocupante. O título que ele colocou na lousa foi “Quarta frota da marinha americana”, coisa da qual eu, sinceramente, nunca tinha ouvido falar. Enfim, a tal da frota, que foi criada em 1943, com uma daquelas finalidades adoráveis que a gente conhece (algo do tipo “intervenção em Estados totalitários, afim de implantar a democracia”, etc), existiu até 1950.
Agora, vejam que maravilha: mais uma vez seremos brindados com a filantropia estadunidense, que reativa a quarta frota para fins humanitários, e também com a intenção de combater o narcotráfico, e que agirá nos mares latinos e caribenhos. Até aí, aparentemente, tudo bem. Mas já começam a aparecer alguns poréns. A primeira bizarrice é que, curiosamente, o chefe da tal frota sequer é da Marinha! Nada disso, ele na verdade é um veterano de guerra, especialista em sabotagens. Ok, vamos pular essa parte, por enquanto.
Bom, como eu disse, os navios irão, nos próximos tempos, saracotear pelas costas caribenhas e latinoamericanas. O que me leva a crer (não só a mim, mas a todos com quem eu conversei, o que me faz pensar que talvez não seja só neurose da minha cabeça, teorias conspiratórias ou algo do gênero.) que há, por aqui, algo que lhes incomoda ou interessa. Bem: primeira coisa que vem na cabeça, é claro, é a sempre desagradável Venezuela, ou a Bolívia, enfim, esses países que estão sofrendo nas mãos de tiranos, e nos quais os missionários da Santa Democracia estão querendo intervir há tempos. Depois, há também a velha Amazônia, tão suculenta e que, vejam só, com certeza deve ser um dos principais focos do narcotráfico, que eles querem invadir. OPA! Perdão, quis dizer ajudar! Aliás, voltando ao nosso veterano de guerra: quando lhe foi perguntado sobre a Amazônia ele declarou, simpaticamente, que gosta muito dela e que lhe agradaria bastante poder treinar seus homens por lá.
Mas é aí que me lembro de um evento curioso: a descoberta de um tal poço de petróleo, a doze milhas das praias brasileiras. Vejam bem: não é apenas um poço, é um mega poço! O que torna-o bem interessante.
Aí já é demais, foi o que eu pensei. Que os Ianques querem derrubar os governos de esquerda da América Latina a gente sempre soube. Eles quererem a Amazônia também não é nenhuma novidade. Mas daí a criar uma frota com a intenção de, deliberadamente, tentar dominar um poço de petróleo não dá, seria muita falta de discrição. “De fato não dá”, foi o primeiro pensamento que tive. “Afinal, a costa brasileira é território de exploração exclusivamente brasileira, segundo um acordo fechado com a ONU. Estamos protegidos!”.
Pois é. O problema é que de todos os países do mundo, apenas dois não assinaram o acordo, e um deles é – adivinhem só! – os Estados Unidos!
Meio desesperada, liguei para a minha amiga informadinha que me contou que eles nunca teriam coragem de chegar perto do nosso poço, porque isso iria contra a Convenção de Genebra, que provocaria uma terceira guerra mundial – do mundo inteiro contra os EUA – e que a ameaça, portanto, não era isso tudo que eu, ingenuamente, estava pensando. De fato, as autoridades brasileiras e latinoamericanas em geral, apesar de com a pulga atrás da orelha, não estão lá muuuuito preocupadas. Então por que é que eu deveria estar?

Não sei, mas estou. Tenho medo pela Venezuela e pela Bolívia, de verdade. Tenho medo que eles possam destruir novamente as conquistas da esquerda na América Latina, como já fizeram outras vezes. Fico preocupada com a Amazônia, com um tal veterano de guerra especialista em sabotagens dizendo por aí que gosta muito dela. E não por essa baboseira nacionalista de querer que um dos maiores tesouros do mundo seja do meu país, e sim por medo do que possa acontecer com ela nas mãos deles. Também fico, apesar de tudo, com um ELEFANTE atrás da orelha por causa do poção.
Admito que não tenho ainda muitas informações sobre isso – aliás, se alguém puder me ajudar com alguma correção ou informação nova, eu agradeceria muito! – e que, portanto, ainda não posso ter uma opinião definida a respeito. Mas se eu descobrir que as minhas preocupações são fundamentadas, vai ser desesperador me ver de mãos atadas diante disso.
Será que eles vão ser loucos de fazer isso? Será que vai ser possível fazer algo para ajudar?!

4 comentários:

Ana Morbach disse...

minhocs, vc é fofa e venho aqui agraecer ao informadinha...rs...e dizer que tenho medo tbm...bjocas

Mi Bueno disse...

Eu tenho MUITO MEDO dos Estados unidos!

Anônimo disse...

Pra começar,tem o tal do medo,e depois vira uma p*** força de vontade de expor e impor minha (e nossa) opinião em relação ao gigante,olhos abertos nele!adorei seu texto.

de campo grande-MS
Amanda

Danilo Lemos disse...

Po, no fundo, eu achei bom isso. Pq depois da palhaçada que aconteceu na colombia com a libertação dos refens, inclusive da francesa com cara de vítima, foi muito mais escroto.

É bem clara a ação da "inteligencia" americana na américa latina. Agora apenas ela tem um nome.

 


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