Vestibulando...

Segunda-feira passada entrei nas famigeradas turmas de maio do cursinho Objetivo. Veja o ponto ao que nos submetemos para tentar entrar em uma universidade pública!

Todos esses dias no cursinho eu fui obrigada a ver um bando de professores, quase todos, muito competentes e preparados; porém a maioria se comporta como macacos de circo, pulando de um lado para o outro, cantando musiquinhas e fazendo piadinhas (uns fazem mais piada do que dão aula.). Fico meio deprimida nas aulas, com essa situação, acho que esses caras (professores) não merecem isso, esse mico que estão pagando para poderem pagar as contas, e fazer com que fique mais agradável o ensino da galerinha do mal!!! Fico deveras constrangida com isso tudo. Nem sei muito como reagir e acabo fechando a cara e ficando quieta. (ficar quieta é quase uma regra para tudo no cursinho.)

Aí acabo entrando em crise quanto ao porque da existência do vestibular, e por conseqüência dos cursinhos pré-vestibulares. A mim parece tudo meio muito errado. E a vocês? Não sei se esse é o espaço adequado para fazer todo o discurso sobre qualidade de educação, universidade pública, acesso, a “justa” seleção pelo mérito etc, mas acho que poderia tentar pensar alguma coisa a respeito de...

EDUCAÇÃO PARA QUE? PARA QUEM?

Para quem serve a educação, ela serve para alguém, quem tem interesse na educação, que tipo de educação, ela tem de ter interesse para alguém?

Para que serve a educação, ela serve para alguma coisa, ela tem de servir para alguma coisa?

Acho que as respostas a essas perguntas são complementares. (Não, jura? Juro!)
Quem tem interesse na educação pública atualmente, e portanto a manda e desmanda na forma como ela se constrói é quem a financia, que atualmente é o Estado + Fundações de Apoio (de caráter privado via de regra). E como quem manda no nosso estado é o capital, quem manda na universidade pública, via de regra, são as instituições ditas de apoio. Então a educação pública serve para o desenvolvimento de pesquisas de interesse desses setores, mesmo que isso seja um protetor solar para dias nevados, ou um inseticida para combater pragas que não existem no Brasil. E quem não está na área de pesquisa não voltada para o mercado, é bancado por quem? Quase sempre por ninguém (só pelas verbas da universidade e fundações públicas de pesquisa, muito menores que as verbas privadas) mas elas não servem pra nada mesmo($$), num é?). É visível a diferença de interesse ($$) nas áreas da universidade. Acredita mesmo que todas os campos de pesquisa da USP tem as mesmas condições e investimentos? Então entre na FEA (Faculdade de Economia e Administração da USP) ou na Escola Politécnica, e depois vá dar uma volta na FFLCH (Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da USP) ou na ECA (Escola de Comunicação e Artes da USP) e repare as diferenças encontradas por lá, de estrutura, de quadro profissional, etc. Continua achando isso????????

Concordas com essa realidade vivida pela educação pública nacional? Não, então vamos modificar nossos questionamentos iniciais para

Para que deveria servir a educação? Para quem deveria servir a educação?

Termino hoje com esses dois questionamentos, outra hora volto a escrever sobre isso, por que já são mais de onze horas, e eu tenho de dormir bastante, por que sei exatamente para que serve a educação (cursinho) que estou tendo agora, e para isso preciso estar tranqüila para não surtar.

Ocupação da reitoria da USP, maio 2007