Por Valério Paiva, para a revista Caros Amigos
Na véspera da audiência pública do chanceler Celso Amorim na Comissão de Relações Exteriores do Senado sobre a política externa brasileira, no último dia 06 de abril, o Consulado Cubano e os órgãos de imprensa receberam um realese da União Geral dos Trabalhadores (UGT), anunciando que iriam organizar um ato de suposta “solidariedade ao povo cubano”, em frente ao Consulado de Cuba em São Paulo. Além de causar estranhamento a manifestação organizada pela UGT,, a convocatória do ato, que foi repercutida favoravelmente no site da revista Veja, indica que se trata de um apoio direitista ao movimento das “Damas de Branco”, incentivado pela comunidade gusana em Miami para buscar apoio internacional no isolamento de Cuba.
Em menos de 24 horas, várias entidades se articularam junto ao Movimento Paulista de Solidariedade à Cuba e convocaram para um ato de defesa do povo cubano contra a manifestação direitista da UGT. Mesmo com a surpresa e a dificuldade de mobilização, em pouco tempo, na manhã de quarta-feira, dia 07, cerca de 150 ativistas de inúmeras organizações e movimentos sociais se colocaram na calçada em frente ao Consulado de Cuba em São Paulo, em Perdizes.
Estavam presentes, em solidariedade à Cuba, representações de diversos partidos e organizações da esquerda, de apoiadores explícitos aos mais críticos ao regime do Partido Comunista Cubano, como o PSOL, PCB, PT, PCdoB, Liga Estratégia Revolucionária, PCR, Consulta Popular e PCML, alem da CUT, Intersindical, CTB, Uneafro, MST e vários ativistas dos direitos humanos, como o vereador Jamil Murad (PCdoB), o advogado Aton Fon Filho e representantes do mandato do deputado estadual Raul Marcelo (PSOL). Todos militantes defenderam a revolução e atacaram o imperialismo norte-americano que ameaça a soberania do povo de Cuba.
ATO FACTÓIDE, CENTRAL FANTASMA
A UGT chegou pouco depois, com pouco mais de 300 pessoas ligadas aos sindicatos dos Comerciários e dos Padeiros de São Paulo. Com exceção dos líderes, ninguém ali sabia os motivos da manifestação. Manifestantes pagos, que estariam recebendo entre R$ 50,00 (as mulheres) e R$ 100,00 (os homens) e não escondiam que estavam ali “trabalhando”. Alguns chegavam a falar frases como “não estou nem ai para Cuba e sim para o meu bolso”. As mulheres estavam vestidas com as camisetas brancas distribuídas pela UGT,e seguravam uma rosa vermelha representando as “Mulheres de Branco”. E os homens, conhecidos como “bate-paus”, vieram para fazer provocações, criar tumulto e agredir os defensores de Cuba,que estavam no outro lado, na calçada do Consulado.
A Policia Militar interviu para garantir a integridade do corpo consular, usando muitas vezes a força para separar os bate-paus que tentavam atravessar a rua, invadir a calçada do Consulado e agredir os ativistas defensores de Cuba. Gás pimenta chegou a ser usado pela força policial, enquanto fechava o trânsito da residencial rua Cardoso de Almeida, provocando trânsito na região.
Como a UGT não faz greve nem nenhum movimento de luta em defesa dos trabalhadores, os pelegos organizadores do ato contra Cuba foram pegos de surpresa e não souberam reagir ao contra-ato. O comerciante Ricardo Patah, presidente da UGT, e o burocrata ressuscitado Canindé Pegado, secretário geral dessa central, e o presidente do Sindicato dos Padeiros Chiquinho Pereira, ordenavam que os “manifestantes de aluguel” provocassem e atacassem os ativistas pró-Cuba.
Enquanto ocorria o ato durante a manhã, a assessoria de imprensa da UGT se apressava a espalhar nota na imprensa dizendo que um ato pacífico ocorria sem nenhum tumulto no consulado cubano. Nada mais mentiroso. Por volta do meio-dia, o ato terminou como se tivesse terminado algum expediente, com a explícita distribuição do pagamento aos contratados e aos pate-paus na frente de todo mundo, com direito à exibição de notas por parte de alguns dos supostos "manifestantes”.
Como a UGT é a herdeira direta do peleguismo clássico das velhas confederações, derrotadas na reorganização sindical no final dos anos 1970 – vários de seus dirigentes são filiados ao PSDB, DEM e PPS – e não se preocupa em lutar e nem defender os trabalhadores nem do Brasil, muito menos de Cuba, fica uma dúvida. Qual era o verdadeiro interesse da UGT? A quem estava servindo e repassando o dinheiro para o teatro das “Mulheres de Branco” acompanhada dos bate-paus? Aliado ao depoimento de Celso Amorim no Senado, há uma grande desconfiança de que o ato foi encomendado pelos setores direitistas, com direito à agentes se passando por repórter fotográfico.
Com o fim da “manifestação pró-imperialismo”, o Cônsul de Cuba em São Paulo, Carlos Trejo, abriu as portas do consulado para os ativistas, que foram recepcionados pelos funcionários do corpo consular e saudados pelos representantes da República de Cuba.
sexta-feira, 9 de abril de 2010
PELEGADA SINDICAL É CONTRATADA PARA FAZER ATO PRÓ-IMPERIALISTA CONTRA CUBA
sábado, 3 de abril de 2010
quinta-feira, 18 de março de 2010
"Tornar-se gay é como aprender a fumar"
Entrevista chocante com deputado de Uganda sobre homesexualidade....
diretamente do blog Pé na África
"Tornar-se gay é como aprender a fumar"
sábado, 6 de março de 2010
Nota da GM para comentário de Bill Gates.
Vale a pena ler, ri litros...;=
Numa recente feira de informática (Comdex), Bill Gates fez uma infeliz comparação da indústria de computadores com a automobilística declarando:
- Se a GM tivesse evoluído tecnologicamente, tanto quanto a indústria de computadores evoluiu, estaríamos dirigindo carros que custariam 25 dólares e que fariam 1000 milhas por galão (algo como 420 km/l)'.
A General Motors, respondendo 'na bucha', divulgou o seguinte comentário:
Se a Microsoft fabricasse carros:
01 - Toda vez que eles repintassem as linhas das estradas, você teria que comprar um carro novo.
02 - Ocasionalmente, dirigindo a 100 km/h , seu carro morreria na Auto-estrada sem nenhuma razão aparente, e você teria apenas que aceitar isso, sem compreender o por quê! Depois, deveria religá-lo (desligando o carro, tirando a chave do contato, fechando o vidro saindo do carro, fechando e trancando a porta, abrindo e entrando novamente... Em seguida sentar se no banco, abrir o vidro, colocar a chave no contato e ligar novamente). Depois, bastaria ir em frente.
03 - Ocasionalmente a execução de uma manobra a esquerda poderia fazer com que seu carro parasse e falhasse... Você teria então que reinstalar o motor! Por alguma estranha razão você aceitaria isso como 'normal'.
04 - A Linux faria um carro em parceria com a Apple, extremamente confiável. Cinco vezes mais rápido e dez vezes mais fácil de dirigir. Mas apenas poderia rodar em 5% das estradas.
05 - Os indicadores luminosos de falta de óleo, gasolina e bateria seriam substituídas por um simples 'Falha Geral ou Defeito Genérico' (permitindo que sua imaginação identifique o erro!).
06 - Os novos assentos obrigariam todos a terem o mesmo tamanho de bunda.
07 - Em um acidente, o sistema de air bag perguntaria: 'Você tem certeza que quer usar o air bag?'.
08 - No meio de uma descida pronunciada, quando você ligasse o ar-condicionado o rádio e as luzes ao mesmo tempo, ao pisar no freio apareceria uma mensagem do tipo 'Este carro realizou uma operação ilegal e será desligado!'
09 - Se desligasse o seu carro utilizando a chave, sem antes ter desligado o rádio ou o pisca-alerta, ao ligá-lo novamente, ele checaria todas as funções do carro durante meia hora, e ainda lhe daria uma bronca para não fazer isto novamente. (ÓTIMA).
10 - A cada novo lançamento de carro, você teria de reaprender a dirigir. Coisa fácil! Você voltaria a auto-escola para tirar uma nova carteira de Motorista.
11 - Para desligar o carro, você teria de apertar o botão 'Iniciar'
12 - A única vantagem: Seus netos saberiam dirigir muito melhor do que você!
Nunca fale do outro sem ver os seus defeitos primeiro...
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
Inclusão digital na África
sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
“Tenho sido um assassino psicopata”
Às vezes as pessoas se perguntam se podem fazer alguma coisa para tornar o mundo mais justo, ou menos injusto. Creio que a difusão da verdade, a denúncia das injustiças e da mentira já é uma forma de contribuir para um mundo melhor. A entrevista em que Jimmy Massey relata sua experiência como soldado do exército norte-americano no Iraque é um exemplo de denúncia que deve ser difundida para todo o mundo. (CF)
Foi publicada no jornal Hora do Povo de 21-01-2010.
Relato de um marine que esteve no Iraque
“Tenho sido um assassino psicopata”
Durante quase 12 anos o sargento Jimmy Massey foi um marine de coração duro. Em março de 2003, chegou ao Iraque com as tropas invasoras e dirigiu 45 homens que não duvidaram em matar civis inocentes. Em 2004, Jimmy Massey escreveu o livro Cowboys do Inferno, um testamento aterrador do genocídio que os EUA cometem dia a dia contra o povo iraquiano. Hoje um dos principais ativistas contra a guerra do Iraque, Jimmy responde às perguntas da jornalista cubana Miriam Elizalde, do Cubadebate
ROSA MIRIAM ELIZALDE
“Tenho 32 anos e sou um assassino psicopata treinado. As únicas coisas que sei fazer é vender aos jovens a idéia de se juntarem aos marines e matar. Sou incapaz de conservar um trabalho. Para mim os civis são depreciáveis, atrasados mentais, uns débeis, uma manada de ovelhas. Eu sou seu cão pastor. Sou um predador. Nas Forcas Armadas me chamam ‘Jimmy o Terrível’”.
Este é o segundo parágrafo do livro escrito há três anos por Jimmy Massey, com a ajuda da jornalista Natasha Saulnier, que foi apresentado na Feira do Livro de Caracas. Cowboys do Inferno é o relato mais violento já escrito sobre a experiência de um ex-membro do Corpo de Marines, um dos primeiros a chegar ao Iraque durante a invasão de 2003 e que decidiu contar todas as vezes que seja necessário o que significa ter sido por 12 anos um desapiedado marine e como a guerra o transformou.
Jimmy participou do painel principal da Feira, que teve um título polêmico: “Estados Unidos, a Revolução é possível”, e seu testemunho foi, sem dúvida, o de maior impacto na audiência. Vestido com roupa militar, óculos escuros, caminha com ares marciais e seus braços estão completamente tatuados. Parece exatamente o que era: um marine.
Quando fala é outra coisa: alguém profundamente marcado por uma aterradora experiência que tenta evitar a outros jovens incautos. Como assegura em seu livro, não foi o único que matou no Iraque: esta foi uma prática constante entre seus companheiros. Quatro anos depois de deixar a guerra, todavia, vive perseguido pelos pesadelos.
Rosa Miriam Elizalde: Que significam todas essas tatuagens?
Jimmy Massey: Tenho muitas. Fiz no exército. Na mão (entre os dedos polegar e anular), o símbolo da Blackwater, o exército mercenário que foi fundado onde nasci, na Carolina do Norte. Fiz num ato de resistência, porque os marines são proibidos de tatuarem-se entre os punhos e as mãos. Um dia eu e os integrantes do meu pelotão nos embebedamos e todos fizemos a mesma tatuagem: um cowboy com olhos injetados de sangue sobre várias asas, que representam a morte. No braço direito, o símbolo dos marines, com a bandeira norteamericana e do Texas, onde me alistei. No peito, do lado esquerdo, um dragão chinês que solta a pele e significa que a dor é a debilidade escapando do corpo. O que não nos mata nos deixa mais fortes.
R. M. E.: Por que disse que no Corpo de Marines encontrou as piores pessoas que já conheceu em sua vida?
J. M.: Os Estados Unidos só têm duas maneiras de usar os marines: para tarefas humanitárias e para assassinar. Nos 12 anos que passei no Corpo de Marines dos EUA jamais participei de missões humanitárias.
R. M. E.: Antes de ir para o Iraque você recrutava jovens para ingressarem nas Forças Armadas? O que significa ser um recrutador nos Estados Unidos?
J. M.: Ser um mentiroso. A administração Bush forçou a juventude para que entrasse para as Forças Armadas e o que basicamente fez – e eu fiz também – foi tratar de ganhar pessoas com incentivos econômicos. Durante três anos recrutei 74 pessoas, que nunca me disseram que queriam entrar para o exército para defender o país, nem se manifestavam sobre nenhuma razão patriótica. Queriam receber dinheiro para irem para uma universidade ou obterem seguro de saúde. Eu lhes descrevia primeiro todas essas vantagens e só no final lhes falava que iam servir à pátria. Jamais recrutei o filho de um rico. Para manterem o trabalho os recrutadores não podiam ter escrúpulos.
R. M. E.: Agora o Pentágono tem relaxado mais nos requisitos para a entrada nas Forças Armadas. O que significa isso?
J. M.: Os padrões para o recrutamento têm baixado enormemente, porque quase ninguém quer alistar-se. Já não é impedimento ter problemas mentais, nem antecedentes criminais. Podem ingressar pessoas que tenham cometido crimes de traição, se disserem que foram sentenciados a mais de um ano de prisão, o que se considera um delito sério. Podem ingressar jovens que não tenham terminado os estudos secundários. Se passam na prova mental, ingressam.
R. M. E.: Você mudou depois da guerra, mas que sentimentos tinha antes?
J. M.: Eu era como outro soldado qualquer, que acreditava no que diziam. Contudo, quando estava recrutando, comecei a me sentir mal: como recrutador tinha que mentir o tempo todo.
R. M. E.: Porém acreditava que seu país entrava numa guerra justa contra o Iraque.
J. M.: Sim. Os informes de inteligência que recebíamos diziam que Saddan tinha armas de destruição em massa. Depois descobrimos que era tudo mentira.
R. M. E.: Quando percebeu que o haviam enganado?
J. M.: No Iraque, onde cheguei em março de 2003. Meu pelotão foi enviado aos lugares que haviam sido do Exército iraquiano e vimos milhares e milhares de munições em caixas que tinham a etiqueta norteamericana e estavam ali desde que os Estados Unidos ajudaram o governo de Saddan na guerra contra o Iran. Vi caixas com a bandeira norteamericana e tanques dos EUA. Meus marines – eu era sargento de categoria E6, uma categoria superior a sargento, e dirigia 45 marines – me perguntaram porque haviam munições de nosso país no Iraque. Não entendiam. Os informes da CIA afirmavam que Salmon Pac era um campo de terroristas e que íamos encontrar armas químicas e biológicas. Não encontramos nada. Nesse momento comecei a pensar que nossa missão realmente era o petróleo.
R. M. E.: As linhas mais perturbadoras de seu livro são as que você se reconhece como assassino psicopata. Pode explicar porque disse isso?
J. M.: Fui um assassino psicopata porque me treinaram para matar. Não nasci com essa mentalidade. Foi o Destacamento de Infantaria da Marinha que me educou para que fosse um gangster das corporações estadunidenses, um delinquente. Me treinaram para cumprir cegamente a ordem do presidente dos Estados Unidos e trazer para casa o que ele pedia, sem pensar em nenhuma consideração moral. Eu era um psicopata porque nos ensinaram a disparar primeiro e perguntar depois, como faria um doente e não um soldado profissional, que só deve enfrentar outro soldado. Se tínhamos que matar mulheres e crianças, nós fazíamos. Portanto, não éramos soldados, mas mercenários.
R. M. E.: Que experiência exatamente fez você chegar a esta conclusão?
J. M.: Aconteceram várias. Nosso trabalho era ir a determinadas áreas das cidades e fazermos a segurança das estradas. Houve um incidente em particular – e muitos mais – que realmente me levou a beira do precipício. Foi com carros que levavam civis iraquianos. Todos os informes da inteligência que nos chegavam diziam que os carros estavam carregados com bombas e explosivos. Essa era a informação que recebíamos da inteligência. Os carros chegavam a nosso controle e fazíamos alguns disparos de advertência; quando não diminuíam a velocidade, disparávamos sem contemplação.
R. M. E.: Com metralhadoras?
J. M.: Sim. Esperávamos que haveriam explosões ao metralhar cada veículo. Mas não ouvíamos nada. Logo abríamos o carro e, o que encontrávamos? Mortos ou feridos, e nem uma só arma, nenhuma propaganda da Al Qaeda, nada. Salvo civis em um lugar equivocado num momento equivocado.
R. M. E.: Você também relata como seu pelotão metralhou uma manifestação pacífica. Foi isso?
J. M.: Sim. Nos arredores do Complexo Militar de Rashees, ao sul de Bagdá, perto do rio Tigre. Haviam manifestantes ao final da rua. Eram jovens e tinham armas. Quando avançamos havia um tanque que estava estacionado de um lado da rua. O motorista do tanque nos disse que eram manifestantes pacíficos. Se os iraquianos quisessem fazer algo podiam ter feito apontando o tanque. Mas não fizeram. Só estavam se manifestando. Isso nós sentimos bem porque pensamos: “Se fossem disparar, teriam feito naquele momento”. Eles estavam a cerca de 200 metros de nossa tropa.
R. M. E.: Quem deu a ordem de metralhar os manifestantes?
J. M.: O Alto Comando nos disse que não perdêssemos de vista os civis porque muitos combatentes da Guarda Republicana haviam tirado os uniformes, vestiam-se com roupas civis e estavam desencadeando ataques terroristas contra os soldados americanos. Os informes da inteligência que nos davam eram conhecidos basicamente por cada membro da cadeia de comando. Todos os marines tinham muito claro a estrutura da cadeia de comando que se organizou no Iraque. Creio que a ordem de disparar nos manifestantes veio de altos funcionários da Administração, isso incluía tanto os centros de inteligência militar como governamental.
R. M. E.: Você, o que fez?
J. M.: Regressei ao meu veículo, um jipe altamente equipado, e escutei um tiro por cima de minha cabeça. Meus marines começaram a atirar e eu também. Não nos devolveram nenhum disparo, mesmo eu tendo disparado 12 vezes.
Quis assegurar-me de que havíamos matado segundo as normas de combate, da Convenção de Genebra e dos procedimentos operacionais regulamentares. Tentei evitar seus rostos e procurei pelas armas, mas não havia nenhuma.
R. M. E.: E seus superiores, como reagiram?
J. M.: Me disseram que “a merda acontece”.
R. M. E.: Quando seus companheiros perceberam que tinham sido enganados, como reagiram?
J. M.: Eu era o segundo comandante. Meus marines me perguntavam por que estávamos matando tantos civis. “Você pode falar com o tenente?”, me perguntavam. “Dizer que tem que ter barreiras adequadas, preparadas pelos engenheiros de combate”. A resposta foi: “Não”. No momento que os marines descobriram que era uma grande mentira, enlouqueceram mais.
Nossa primeira missão no Iraque não foi para dar apoio humanitário, como diziam os jornais, mas para assegurar os campos petrolíferos de Bassora. Na cidade de Karbala usamos a artilharia por 24 horas. Foi a primeira cidade que atacamos. Pensei que íamos dar ajuda médica e alimentar à população. Não. Seguimos direto aos campos de petróleo. Antes de chegar ao Iraque, estivemos no Kuwait.
Chegamos em janeiro de 2003 e nossos veículos estavam cheios de comida e remédios. Perguntei ao tenente o que íamos fazer com os suprimentos, pois apenas cabíamos nós com tantas coisas dentro. Ele respondeu que seu capitão havia ordenado deixar tudo no Kuwait. Pouco depois nos deram a ordem de queimar tudo: alimentos e provisões médicas e humanitárias.
R. M. E.: Você também denunciou o uso de urânio empobrecido…
J. M.: Tenho 35 anos e só conservo 80% de minha capacidade pulmonar. Fui diagnosticado com uma doença degenerativa da coluna vertebral, fadiga crônica e dor nos tendões. Antes, todos os dias corria 10 Km por puro prazer, e agora só poso caminhar entre 5 e 6 Km todos os dias. Tenho medo de ter filhos por isso. Minha cara está inflamada. Veja esta foto (mostra-me a imagem da credencial da Feira do Livro), foi tirada pouco depois que regressei do Iraque. Pareço um Frankenstein. Tudo isso se deve ao urânio empobrecido, agora imagina o que estará acontecendo com o povo no Iraque.
R. M. E.: O que aconteceu quando regressou aos EUA?
J. M.: Me trataram como um louco, um covarde, um traidor.
R. M. E.: Seus superiores disseram que é mentira tudo que contou.
J. M.: A evidência contra eles é incômoda. O Exército norteamericano está esgotado. Quanto mais tempo durar esta guerra, mais possibilidade haverá de que minha verdade apareça.
R. M. E.: O livro que você apresentou na Venezuela está editado em espanhol e em francês. Porque não foi publicado nos Estados Unidos?
J. M.: As editoras exigiram que eu eliminasse os nomes reais das pessoas envolvidas e que eu apresentasse a guerra no Iraque envolta em uma neblina, menos cruamente. Não estou disposto a fazer isso. Editoras como New Press, supostamente de esquerda, se negaram a publicá-lo porque temiam se verem envolvidas em ações apresentadas por pessoas apresentadas no livro.
R. M. E.: Por que jornais como o The New York Times e o The Washington Post jamais reproduziram seu testemunho?
J. M.: Eu não repetia o credo oficial, de que as tropas estavam no Iraque para ajudar o povo, nem repetia que os civis morriam por acidente. Me nego a dizer isso. Não havia nenhum disparo acidental contra os iraquianos e me nego a mentir.
R. M. E.: Tem mudado essa atitude?
J. M.: Não. O que tenho feito é incorporar opiniões e obras de pessoas com objeções de consciência: que são contra a guerra em geral ou que participaram da guerra, mas não tiveram este tipo de experiência. E resistem, no entanto, a olhar de frente a realidade.
R. M. E.: Tem fotografias ou documentos que provem o que você está nos contando?
J. M.: Não. Me tiraram todos os pertences quando me ordenaram regressar aos Estados Unidos. Voltei do Iraque só com duas armas: minha mente e uma faca.
R. M. E.: Haverá alguma saída a curto prazo para a guerra?
J. M.: Não. O que vejo é a mesma política entre democratas e republicanos. São a mesma coisa. A guerra é um negócio para ambos os partidos, que dependem do Complexo Militar Industrial. Necessitamos de um terceiro partido.
R. M. E.: Qual?
J. M.: O do socialismo.
R. M. E.: Você participou em um debate cujo título é “Estados Unidos: A Revolução é possível”. Acredita que realmente haverá revolução nos EUA?
J. M.: Já começou. No sul, onde nasci.
R. M. E: Mas essa tem sido tradicionalmente a região mais conservadora do país.
J. M.: Depois do Katrina isso mudou. Nova Orleans parece Bagdá. As pessoas do sul estão indignadas e se perguntam todos os dias como é possível que se atrevam a investir em uma guerra inútil e em Bagdá, quando nada é feito em Nova Orleans. Lembre-se também que no Sul iniciou-se a primeira grande rebelião do país.
R. M. E.: Você iria a Cuba?
J. M.: Admiro Fidel e o povo de Cuba, portanto, se me convidarem, irei à Ilha. Não me importa o que diga o meu governo. Ninguém controla onde vou.
R. M. E.: Você sabe que o símbolo do desprezo imperial com a nossa nação é uma fotografia de marines urinando sobre a estátua de José Martí, o Herói de nossa Independência?
(Três marines americanos subiram até a cabeça de mármore da estátua do Herói Nacional cubano José Martí, em Havana, em 11 de março de 1949, e ali urinaram. As fotos foram publicadas pelo jornal Hoy, de Havana, no dia seguinte).
J. M.: Sim, eu sei. No Corpo de Marines nos falavam de Cuba como uma colônia dos Estados Unidos e nos ensinaram algo de História. Parte da formação de um marine é aprender algumas coisas dos países que pensamos invadir, como diz a canção.
R. M. E.: A canção dos marines?
J. M.: (Canta) “From the halls of Montezuma, to the shores of Tripoli…” (Desde as salas de Montezuma até as praias de Trípoli…)
R. M. E.: Quer dizer, os marines querem estar em todo o mundo.
J. M.: O sonho é dominar o mundo…, ainda que pelo caminho nos transformem todos em assassinos.
Se você quiser assistir um vídeo com o próprio Jimmy Massey falando, em inglês sem tradução ou legenda, vá: http://www.youtube.com/watch?v=ia_003j9nZg
quarta-feira, 27 de janeiro de 2010
Nove militantes do MST são presos em Iaras-SP
Os relatos vindos da região, bastante nervosos e apreensivos, apontam que os policiais além de cercarem casas e barracos, prenderem pessoas e promoverem o terror em algumas comunidades, também têm apreendido pertences pessoais de muitos militantes – exigindo notas fiscais e outros documentos para forjar acusações.* A situação é gravíssima, o cerco às casas continua neste momento (já durando quase um dia inteiro), e as informações que nos chegam é que ele se manterá por mais dias.
*Nossos advogados estão tentando, com muita dificuldade, acompanhar a situação e obter informações sobre os processos – pois a polícia não tem assegurado plenamente o direito constitucional às partes da informação sobre os autos e, principalmente, sobre as prisões . No entanto, *é urgente que outros apoiadores Políticos, Organizações de Direitos Humanos e Jornalistas comprometidos com a luta pela reforma agrária e com a luta do povo brasileiro divulguem amplamente e acompanhem mais de perto toda a urgente situação. A começar pelas pessoas que vivem na região de Iaras-SP, Bauru-SP e Promissão-SP. *
Situações como esta apenas reforçam a urgência da criação de novos mecanismos de mediação prévia antes da concessão de liminares de reintegração de posse, e de mandados de prisão no meio rural brasileiro – conforme previsto no Programa Nacional de Direitos Humanos 3 (PNDH-3) -, com o intuito de diminuir a violência contra trabalhadores rurais.
No caso específico e emergencial de Iaras-SP, tal repressão é o aprofundamento de todo um processo de criminalização e repressão que foi acelerado a partir da repercussão exagerada e dos desdobramentos políticos ocorridos na regional de Iaras-SP por ocasião da ocupação da Fazenda-Indústria Cutrale, em outubro de 2009. O MST reivindica há anos para a reforma agrária aquelas áreas do Complexo Monções, comprovadamente griladas da União por esta poderosa transnacional do agronegócio. Ao invés de se acelerar o processo de reforma agrária e a democratização do uso da terra, sabendo-se que naquela região do estado de São Paulo há milhares de famílias de trabalhadores rurais que precisam de um pedaço de chão para sobreviver e produzir alimentos, o que obtemos como “resposta” é ainda mais arbitrariedade, repressão e violência .
*O MST-SP reforça o pedido de solidariedade a todos os lutadores e lutadoras do povo brasileiro comprometidos com a transformação do país numa sociedade mais justa e democrática*, e de todos os cidadãos e cidadãs indignadas com a crescente criminalização da população pobre e de nossos movimentos sociais pelo país. Não podemos nos intimidar nem nos calar diante de tamanho absurdo!
terça-feira, 26 de janeiro de 2010
Evo Morales nomeia 1º Governo paritário na história da Bolívia
segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
Toma Boris!
Rap responde a Boris Casoy.
Arrazou!
(Direção, imagens e edição) Maia, ( Voz e letra ): Garnett ,
(Selo): Pegada de Gigante
,(Assistência/Criação): Robson Ribeiro, Evelyn Albuquerque, Douglas Campolim, Marcos Maia e Daniel Olmedo
,(Direitos de Imagem gentilmente cedidos por)
Bruno Ruguê
Diogo "Jhow" Castilho
Hion Silva
Rafael Dan
Rafael Scotto
Rudão Brandolin
terça-feira, 19 de janeiro de 2010
3º Programa Nacional de Direitos Humanos
Vídeo sobre o 3º PNDH sua importancia, seus principais pontos e as descabidas críticas conservadoras.
quarta-feira, 13 de janeiro de 2010
Zilda Arns
O antes e o... mais do mesmo
sábado, 9 de janeiro de 2010
Programa de TV do PSOL 2010
pra quem não viu, ai vai o programa do PSOL desse ano. Acho que ficou batante bom....
Bem melhor que o outro.
terça-feira, 5 de janeiro de 2010
Pula Catraca!!!
+ sites sobre transporte:
http://tarifazero.
http://saopaulo.
http://terminalcamp
http://apocalipsemo
sábado, 2 de janeiro de 2010
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
Aos companheiros do PCB
gostaria de fazer um comentario aos camaradas do Partidão. Hoje estava lendo uma nota deles e não pude conter o riso. Não com o conteudo, de forma alguma, mas sim com uma imagem que me chamou muita atenção. Vejam só:
Não acharam nada de engraçado? é pode ser que não seja para todos...
Mas vocês não acham curioso alguem escrever "partido do século 21" com a foice e o martelo? não te parece meio "quadradão"? Não que eu seja uma grande conhecedora das visões estéticas do PCB mas acho que até para ele isso fica meio ultrapassado. Não preciso gastar nenhuma linha defendendo minhas posições políticas aqui, e muito menos falando que não tenho nada contra a foice e o martelo, pelo contrario, os vejo como um símbolo lindíssimo da união do campo e da cidade. Mas nem por isso acho que a aplicação nesse espaço foi feliz.(gastei três linhas, eu vi...)
Por um mundo onde a esquerda entenda que estética não é um problema, não é ruim, não é capitalista, não é burguesa (apesar da burguesia ter a sua estética), e muito menos é uma bolsa de marca ou que quer que seja que a modelo do momento esta vestindo.
Não quero que o mundo aprecie a estetica burguesa, mas que o belo possa vir a fazer, cada vez mais, parte do mundo do trabalhador, e ele possa disfrutar as benesse disso.
Vou calar a boca pois senão teria de chamar um professor cabeçudo para continuar esse texto.
rs
beijos
Ana
domingo, 22 de novembro de 2009
#Doeumlivrononatal
terça-feira, 17 de novembro de 2009
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
Muro de Berlim: além do fundamentalismo do mercado, depois de 20 anos
O breve século XX foi uma era de guerras religiosas entre ideologias seculares. Por razões mais históricas do que lógicas, o século passado foi dominado pela oposição entre dois tipos de economia mutuamente excludentes: o “socialismo”, identificado com as economias planejadas centralmente do tipo soviético, e o “capitalismo”, que cobriu todo o resto.
Esta aparente oposição fundamental entre um sistema que tentou eliminar a busca pelo lucro da empresa privada e outro que procurou eliminar toda restrição do setor público sobre o mercado, nunca foi realista. Todas as economias modernas devem combinar o público e o privado de variadas maneiras e de fato o fazem. As duas tentativas de cumprir a qualquer custo com a lógica dessas definições de “capitalismo” e “socialismo” fracassaram. As economias de planejamento comandadas pelo Estado do tipo soviético não sobreviveram aos anos 80, e o “fundamentalismo do mercado” anglo-norte-americano, então em seu apogeu, se fez em pedaços em 2008.
O século XXI terá de reconsiderar seus problemas em termos mais realistas. De que maneira o fracasso afetou os países anteriormente comprometidos com o “modelo socialista”? Sob o socialismo, eles não foram capazes de reformar seus sistemas de economia planificada, embora seus técnicos tivessem plena consciência de seus defeitos fundamentais, que eram internacionalmente não competitivos e continuavam sendo viáveis apenas na medida em que estivessem isolados do resto da economia mundial.
O isolamento não pôde ser mantido, e quando o socialismo foi abandonado, já o fora pelo colapso dos regimes políticos, como ocorreu na Europa, ou pelo próprio regime, como sucedeu na China e no Vietnã, esses Estados mergulharam de cabeça no que para muitos parecia a única alternativa à disposição: o capitalismo em sua então dominante forma extrema do livre mercado.
Os resultados imediatos na Europa foram catastróficos. Os países da ex-União Soviética ainda não superaram seus efeitos. Felizmente para a China, seu modelo capitalista não se inspirou no neoliberalismo anglo-norte-americano, mas no muito mais dirigista dos “tigres” do Leste asiático. A China lançou seu “grande salto adiante” econômico com escassa preocupação por suas implicações sociais e humanas.
Este período agora está chegando ao fim, tal como ocorre com o domínio do liberalismo econômico anglo-norte-americano, embora ainda não saibamos quais mudanças trará a atual crise econômica mundial depois de superados os efeitos da sacudida dos últimos dois anos. Somente uma coisa é clara, há um importante deslocamento das velhas economias do Atlântico Norte para o Sul e, sobretudo, para a Ásia do Leste.
Nesta situação, os ex-Estados socialistas (incluindo aqueles ainda governados por partidos comunistas) enfrentam problemas e perspectivas muito diferentes. A Rússia, tendo se refeito até certo ponto da catástrofe da década de 90, ficou reduzida a ser forte, mas vulnerável, exportadora de matérias-primas e energia, e até agora não foi capaz de reconstruir uma base econômica mais balanceada.
A reação contra os excessos da era neoliberal levou a certo retorno para uma forma de capitalismo de Estado com uma reversão a aspectos da herança soviética. É evidente que a simples “imitação do Ocidente” deixou de ser uma opção. Isto é ainda mais óbvio na China, que desenvolveu seu capitalismo pós-comunista com considerável êxito. Tanto é assim que futuros historiadores poderão muito bem ver a China como a verdadeira salvadora da economia do mundo capitalista na atual crise.
Em resumo, já não é possível crer em uma única forma global de capitalismo ou de pós-capitalismo. Porém, modelar a economia futura talvez seja o assunto menos importante de nossas preocupações. A diferença crucial entre os sistemas econômicos está não em suas estruturas, mas em suas prioridades sociais e morais. A este respeito vejo dois problemas:
O primeiro é que o fim do comunismo significou o súbito fim de valores, hábitos e práticas sociais com os quais várias gerações viveram, não apenas dos regimes comunistas, mas também os do passado pré-comunista e que foram amplamente preservados sob tais regimes. Exceto para os nascidos depois de 1989, se mantém em todos um sentimento de alteração e desorientação social, mesmo com os apuros econômicos já não predominando na população pós-comunista. Inevitavelmente, passarão várias décadas antes de as sociedades pós-comunistas encontrarem um modo de viver estável na nova era, e de poderem ser erradicadas algumas das consequências da alteração social, da corrupção e do crime institucionalizados.
O segundo problema é que tanto o neoliberalismo ocidental quanto as políticas pós-comunistas que o inspiraram deliberadamente subordinam o bem-estar e a justiça social à tirania do Produto Interno Bruto, sinônimo do máximo e deliberadamente desigual crescimento. Desta forma se sufoca, e em alguns países ex-comunistas se destrói, o sistema de segurança social, os valores e os objetivos do serviço público. Tampouco existem bases para o “capitalismo com rosto humano” da Europa das décadas posteriores a 1945, nem para satisfatórios sistemas pós-comunistas de economia mista.
O propósito de uma economia não deve ser o lucro, mas o bem-estar de todas as pessoas, assim como a legitimação do Estado é seu povo e não seu poder. O crescimento econômico não é um fim, mas um meio para criar sociedades boas, humanas e justas. O que importa é com quais prioridades combinaremos os elementos públicos e privados em nossas economias mistas. Esta é a questão política-chave do século XXI.
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
Morre aos 100 anos o antropólogo Lévi-Strauss
Em São Paulo
O etnólogo e antropólogo estruturalista Claude Lévi-Strauss morreu na noite de sábado para domingo (1º) aos 100 anos, de acordo com um porta-voz da Escola de Estudos Avançados em Ciências Sociais de Paris, na França. Ainda não há informações sobre a causa da morte do antropólogo. O falecimento foi divulgado pela editora Plon.
Nascido em Bruxelas, na Bélgica, Lévi-Strauss foi um dos grandes pensadores do século 20. Ele, que completaria 101 anos no próximo dia 28, tornou-se conhecido na França, onde seus estudos foram fundamentais para o desenvolvimento da antropologia. Filho de um artista e membro de uma família judia francesa intelectual, estudou na Universidade de Paris.
De início, cursou leis e filosofia, mas descobriu na etnologia sua verdadeira paixão. No Brasil, lecionou sociologia na recém-fundada Universidade de São Paulo, de 1935 a 1939, e fez várias expedições ao Brasil central. É o registro dessas viagens, publicado no livro "Tristes Trópicos" (1955) que lhe trará a fama. Nessa obra ele conta como sua vocação de antropólogo nasceu durante as viagens ao interior do Brasil.
"Ele soube partir do empirismo para dialogar e colocar a antropologia em pé de igualdade com outras ciências humanas, como a filosofia. Lévi-Strauss é um autor fundamental", afirma Renato Sztutman, professor do Departamento de Antropologia da USP e mestre e doutor em Antropologia Social na área de etnologia indígena.
Exilado nos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), Lévi-Strauss foi professor nesse país nos anos 1950. Na França, continuou sua carreira acadêmica, fazendo parte do círculo intelectual de Jean Paul Sartre (1905-1980), e assumiu, em 1959, o departamento de Antropologia Social no College de France, onde ficou até se aposentar, em 1982.
O estudioso jamais aceitou a visão histórica da civilização ocidental como privilegiada e única. Sempre enfatizou que a mente selvagem é igual à civilizada. Sua crença de que as características humanas são as mesmas em toda parte surgiu nas incontáveis viagens que fez ao Brasil e nas visitas a tribos de indígenas das Américas do Sul e do Norte.
O antropólogo passou mais da metade de sua vida estudando o comportamento dos índios americanos. O método usado por ele para estudar a organização social dessas tribos chama-se estruturalismo. "Estruturalismo", diz Lévi-Strauss, "é a procura por harmonias inovadoras".
A corrente estruturalista da antropologia, da qual Lévi-Strauss é o principal teórico, surgiu na década de 40 com uma proposta diferente da antropologia de viés funcionalista, predominante até então. "O funcionalismo se preocupava com o funcionamento de cada sociedade e em saber como as coisas existiam na sua função social. O estruturalismo queria saber do trabalho intelectual. Olhar para os povos indígenas e buscar uma racionalidade e uma reflexão propriamente nativa", diz Sztutman.
Suas pesquisas, iniciadas a partir de premissas linguísticas, deram à ciência contemporânea a teoria de como a mente humana trabalha. O indivíduo passa do estado natural ao cultural enquanto usa a linguagem, aprende a cozinhar, produz objetos etc. Nessa passagem, o homem obedece a leis que ele não criou: elas pertencem a um mecanismo do cérebro. Escreveu, em "O Pensamento Selvagem", que a língua é uma razão que tem suas razões - e estas são desconhecidas pelo ser humano.
"Ele abriu um caminho para pensar a filosofia indígena, valorizar o lado intelectual dos povos estudados, e não ficar naquela coisa 'nós (ocidentais) temos uma grande teoria e eles não'. Lévi-Strauss abriu caminho para valorizar o aspecto intelectual de outras populações", acrescenta Sztutman.
Lévi-Strauss não via o ser humano como um habitante privilegiado do universo, mas como uma espécie passageira que deixará apenas alguns traços de sua existência quando estiver extinta.
Membro da Academia de Ciências Francesa (1973), integrou também muitas academias científicas, em especial européias e norte-americanas. Também é doutor honoris causa das universidades de Bruxelas, Oxford, Chicago, Stirling, Upsala, Montréal, México, Québec, Zaïre, Visva Bharati, Yale, Harvard, Johns Hopkins e Columbia, entre outras.
Aos 97 anos, em 2005, recebeu o 17o Prêmio Internacional Catalunha, na Espanha. Declarou na ocasião: "Fico emocionado porque estou na idade em que não se recebem nem se dão prêmios, pois sou muito velho para fazer parte de um corpo de jurados. Meu único desejo é um pouco mais de respeito para o mundo, que começou sem o ser humano e vai terminar sem ele - isso é algo que sempre deveríamos ter presente".
*Com informações do UOL Educação
http://noticias.uol.com.br/ultnot/internacional/2009/11/03/ult1859u1791.jhtm
Sem fotos pq a internet resolveu ser lesma hoje...